Raquel Borsari

Fragmentos da pequena Alice...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O importante é que emoções eu tenho vivido...

Fragmento do dia: E a câmera caiu!

No decorrer destes quase 13 anos de carreira, lembrando, ressaltando e destacando em CAPS LOCK E NEGRITO COMEÇEI COM 14 ANINHOS..rs tenho algumas boas histórias para contar. Pretendo descrevê-las sem ordem cronológica à medida que a recordação me permitir dividi-las com você. Outro ponto importante, sou péssima em datas, nomes.

Vamos ao que interessa...Na época, atuava como repórter do Super Canal, ainda em uma estrutura bem diferente da atual, poucos funcionários, equipamentos defasados. Imagine aquela M900 gigantesca, aquela fita VHS que até arrepia o corpo, mas um período de muito trabalho, o que não se difere dos tempos atuais. E lá estava eu, aventurando-me nesta emoção chamada jornalismo, atuando sem muita noção, apenas com vontade e bastante despreparo, comparando-se a visão que tenho hoje. Na equipe um grande amigo, Michel, que também se aventurava como cinegrafista, como boa parte da equipe estávamos aprendendo na prática. Ou seja, a ordem era...Pegue esta câmera, aqui fica o zoom, deste lado o controle da luz e lembre-se não entorte o ombro, senão quem está em casa vai entortar o pescoço.

Michel era simpático, alegre e determinado e demonstrava grande interesse pela profissão. Certo dia, sentados na redação, momento de muita tranquilidade até que toca o que chamaríamos hoje do Big Fone do BBB. Informação: Briga em bar termina em homicídio no bairro Santa Cruz. Hora de correr, arruma equipamento, pega o bloco, não se esqueça da caneta, chave do carro e PARTIU! Ok! Chegamos no bar, o dono falou, o moço morreu mesmo com uma facada no peito e cadê o autor? Fugiu, sem rumo, sem nos deixar sequer uma foto...E eu precisava desta foto...até que o dono bar disse, a mãe dele mora bem perto daqui, podem ir lá conversar com ela. Dito e feito, boa idéia e PARTIU novamente...

Haja coragem, toca a campanhia, a mãe atende super atenciosa, simpática e um pouco abalada, mas conformada já que o filho já tinha uma vasta passagem pela Polícia. Como de costume, “olá sou Raquel Borsari, repórter do Super Canal, estamos cobrindo o crime cometido há pouco em um bar das proximidades e temos a informação de que seu filho é o autor”. A mãe nos convidou para entrar e eu me preparando para pedir a foto...quando de repente, a mulher simplesmente surtou e começou a dizer que não aceitava isso...Michel percebeu que a foto do autor estava em um porta retrato, em uma tentativa desesperadora continuei a tentar convencer aquela senhora que simplesmente apresentou uma personalidade bipolar. BINGO! Michel conseguiu focar na foto, hora de PARTIUUUUU, afinal, mais alguns minutos e poderíamos ser atacados pela mulher descontrolada.

Quanta emoção..corre para o carro. Entro na porta do carona, Michel pega a maleta da câmera , gigante como o equipamento, arruma tudo direitinho, fecha a maleta, confere se esta devidamente trancada, entra no carro, coloca a chave, liga o veículo, passa a primeira e PLOFT...PLOFT..E PLOFT...mas que barulho poderia ser aquele em um momento tão crítico? Olhares para trás...e lá estava despedaçada uma maleta como uma M900 ao chão...Tudo bem, o equipamento era ultrapassado, antigo, ruim, mas era o que tínhamos...digo, TÍNHAMOS, pois os restos daquela pobre câmera mereciam até um enterro descente.

E agora José? Digo, e agora Michel? Eme me desce do carro, se joga no chão de lama e diz: “Vem Raquel, me ajude por favor, já tenho tudo na cabeça, no auge da matéria, caímos com a câmera, em um tombo cinematográfico e ela quebrou. Por muito pouco não nos machucamos”. É mole? Ele teve a coragem de me propor algo do tipo, delicadamente encostei a pontinha do meu salto na lama, em seguida, com as pontas do dedo sujei minha calça e com aquela cara de nojo espalhei o barro no braço.

Retornamos ao Canal. Mas frente a frente com o diretor, nossa verdade falou mais alto e contamos toda a história real. Ouvimos um sonoro TUDO BEM, ISSO ACONTECE!

Ufa! Momentos de emoção e desespero, um misto oferecido pelas aventuras do jornalismo. Logicamente, depois de tudo, rimos muito, afinal, TUDO BEM, ISSO ACONTECE! E o mais importante é que emoções eu vivi!