Raquel Borsari

Fragmentos da pequena Alice...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Uma relação de amor infinito...

A infância...ah a doce infância! Sinto saudade dos passos curtos, do raciocínio de difícil entendimento aos outros, das imaginações fantásticas e impossíveis. Resgatando um álbum de fotos bem antigo, olhei mãe jovem, cabelos soltos, lisos e longos, ela me segurava em praticamente todas as fotos, um alicerce e braços fortes que sinto até hoje. Posso senti-la perto de mim, apenas fechando os olhos, posso desenhar cada detalhe de seu rosto em segundos...

Mãe é mãe! Mas sinto falta de pai nestas fotos, nestas lembranças, uma ausência que a vida tratou de delimitar, o álcool não permitiu estar mais perto, mais participativo. Mas o amor é capaz de aproximá-lo, de elevar os pensamentos a situações em que ele nunca esteve presente, mas com um piscar de olhos e uma mente m ais fantasiosa é capaz de inseri-lo em todas estas cenas marcadas pela ausência.

A figura paterna é exemplo. Na minha vida é um exemplo doloroso, mas que me fez crescer com mais responsabilidades, mais forte, um pouco mais triste, isso é inegável. Um amigo recente e especial de vez em quando me conta de seus finais de semana ao lado da família, fico imaginando pai, mãe, irmãos bem próximos, unidos e inseparáveis. Gosto de ouvir, gosto de saber, gosto de sentir a felicidade dele em contar momentos tão prazerosos quando retorna para casa. Ouvi-lo me provoca a sensação de que a fábula da minha cabeça é real para muitos, a felicidade que ele sente me faz feliz de certa forma.

Mas agradeço a Deus todos os dias por meus pais vivos, próximos de mim. Agradeço também as dificuldades vividas diariamente e, em especial, nos finais de semana, mesmo no fim da noite de domingo, que tem se tornado rotineira..a conversa mole, os passos desequilibrados, eles me fazem ser mais fortes e mais rudes nas minhas escolhas de vida. Um exemplo do que não devo seguir, mas também do precioso que quero cuidar e proteger, quando ele permite!

Mas sem dúvida, meu pai me faz mais forte, mais viva, mais exigente com a vida, mais guerreira!

domingo, 11 de outubro de 2009

Reflexão, sentimentos e novas promessas...

Fecho os olhos, sinto o vento bater nos cabelos soltos...o silêncio faz um convite para viajar nos pensamentos, visitar mundos diferentes, reviver o passado e experimentar o novo. O passar de 27 anos traz muitas lembranças, muitas faces, sorrisos e lágrimas, muitas emoções vividas e outras esperanças de ainda viver.

Na mente confusa, o desejo de ficar ali por muitos instantes, afim de equilibrar a mente, de buscar incessantemente a paz interior, a felicidade plena, a leveza dos sentimentos mais nobres que possam brotar e ser cultivados. Resumidamente, estes foram alguns momentos de uma tarde gostosa, ao lado de família, amigos, natureza, paz, silêncio e rodeada pela paisagem das árvores, da terra, de construções que aos poucos vão ganhando forma. O que desejo pra mim? Esta foi uma das minhas perguntas durante esta tarde de pensar. O que desejo muito, mas muito mesmo? Fiquei em dúvida, entre um amor tranquilo e pleno e conquistas profissionais...sentir um imenso desejo de viver, sem medos, frustrações, expectativas, desejos incapazes de serem realizados com tranquilidade e paz.

Quero um coração em paz, um amor para a vida inteira...sonhos que nos permitem sorrir e conquistar aos poucos...Mas preciso aprender a andar sem os pés no chão, dançar no ritmo da vida, cantar no tom da música e caminhar no sentido certo da estrada. Mas aos 27 anos sinto-me viva, coração batendo acelerado, ainda com muitas dúvidas, mas viva, capaz de viver novas emoções, correr alguns riscos!

Fiz novas promessas, novos acordos com minha vida...

domingo, 4 de outubro de 2009

SAUDADE ETERNA...

Vida e morte...um paradoxo de medo, silêncio, questionamentos e dúvidas. Perder, uma palavra de significado incomum, uma dor de valor imensurável, de perguntas que se perdem no vácuo. Os porquês que jamais poderão ser explicados com a suprema razão.

Perder na minha vida tem um nome, Mathias, meu amigo Tico. Era cinegrafista, editor, amigo do peito, a nossa brincadeira de um dia vamos namorar...lembro-me das muitas risadas, dos abraços apertados, dos conselhos intermináveis, de um afeto que nem poetas que admiro conseguiriam descrever com a pureza e carinho desta relação.

Era sexta-feira. Já havia passado na produtora, ele tinha me ligado pela manhã pedindo que colocasse voz em um comercial que ele acabara de filmar na semana. Naquele momento, disse... “Ah Tico, hoje não, né? Estou me preparando para viajar, depois gravo com você”. Ele disse “tudo bem, sua chata”. Mas ao desligar o telefone, algo me dizia que deveria ir a produtora. Mal sabia eu que seria aquele meu último encontro com um amigo do coração.

Quando cheguei ele não estava, fiquei esperando, esperando e quando então decidi ir embora e voltar na próxima semana. Mas ao ligar meu carro, eis que surge Tico dentro de seu novo veículo, que acabara de trocar...Sorridente, ele entrou na frente do meu carro e disse: “Você tá pensando que vai aonde sem me ver antes?”. Rapidamente, desci e fomos para a área que era de costume, fumar um cigarro e falar da vida...reclamar, opinar...minutos que naquele momento passaram tão rapidamente e hoje estão eternizados em meu pensamento.

A camisa preta, que nunca havia lhe visto usar...com dois botões abertos, calça jeans clara, tênis no pé e andando pra lá e pra cá. Falávamos de tanta coisa ao mesmo tempo e naquele dia não sei porque ele me falou sobre o nome das seus irmãos, falou de seu pai falecido, conversas que nunca havíamos tido antes. A despedida foi a de sempre...aquele abraço super apertado e ele me pedindo um beijo na boca...rs ele adorava fazer isso....e a minha resposta foi a mesma de sempre “um dia, quem sabe?!”.

Saí pela porta sem jamais imaginar que quando retornasse ele não estaria mais ali, que aqueles minutos ao seu lado seriam os últimos de toda uma vida. Meu coração dói e se entristece todas as vezes que penso naquele momento..se não podemos mudar o destino, que pelo menos me permitisse ter ficado mais ao seu lado.

Tico foi assassinado em uma festa em Bom Jesus do Galho. Vítima do dia errado, momento errado e por estar ao lado de uma pessoa errada. Só por estar perto de uma garoto, assassinada pelo seu namorado também, ele foi vítima deste destino cruel.

Os domingos nunca mais foram os mesmos....especialmente neste dia lembro-me de tantos bons momentos de carinho e amor de uma amizade tão sincera!

Saudade eterna!

sábado, 3 de outubro de 2009

Jornalismo: Desafio que gosto muito!

Quando pequena, sobrevivendo em meio aos 10, 11 anos, vivi as fases de boa parte do início da adolescência...Da janela da sala de minha antiga casa, que me proporcionava uma paisagem bela do Santuário, exista uma árvore que sugava olhares concentrados e fixos. O balançar das folhas e vê-la crescer lentamente me inspirava a pensar no futuro, a passar horas debruçada na janela fria e elevar os pensamentos a diversos mundos e sonhos.

Certo dia, resolvi escrever sobre esta árvore que detinha meus pensamentos mais íntimos, minhas aspirações mais distantes e até mesmo, naquele momento, surreais. Lembro-me que a primeira frase para este frondoso símbolo da natureza foi... “verde e bela, livre e esvoaçante, a árvore dos meus pensamentos”. Bobinha a descrição, mas de um significado ímpar em minha vida. Os meus olhares atentos estavam no balanço das folhas provocado pelo vento e na verdade gostava de sentir esta sensação de que apesar de fixa no chão, ela poderia sentir a liberdade. De um texto para esta árvore e da sensação de liberdade comecei a pensar com mais seriedade no futuro.

“Não quero ser mais um na multidão”, este era um pensamento fixo em minha vida. Não importava se o trabalho fosse de bastidor ou à frente das câmeras, ser protagonista ou figurante. Cresci com o desejo de ser boa e referência no que fizesse, independente da profissão que ainda gerava dúvidas e conflitos ao pensamento. Até que um dia, o convite para participar de um programa de rádio. Tia Sé, foi quem teve a idéia. Resolvi encarar, sem ao menos saber o que fazer e como me comportar em uma rádio. Tinha 11 anos e prestes a fazer 12. Gostei da experiência. Depois o convite para fazer a correção de um jornal diário da cidade. Saia do colégio, naquela época integral, as 17h15 e tinha de estar no jornal às 17h45. Corria muito, mas minhas pernas não sentiam o peso, apenas a minha consciência sentia o peso da responsabilidade. Errei na gramática da primeira manchete...Dramático isso, mas possivelmente pelo nervosismo e a imaturidade em dizer “não tenho certeza, vamos mudar isso”. Mas tive uma segunda chance, trabalhei como revisora, depois pedi um espaço para fazer enquetes, em seguida sugeri...que tal fazer uma matéria? Fui preenchendo as páginas dos jornais com as minhas iniciativas e buscas pela informação. Em alguns anos me tornei editora. Cansei-me. Queria mais, queria alçar vôos mais altos. Decidi me arriscar no telejornalismo.

15 anos, chegou a idade da rebeldia. Mochila nas costas rumo a BH. Teatro, cursinho...UFMG. A idade chegando, os sonhos pipocando...havia me cansado da brincadeira, pais passando dificuldades para me sustentar...resolvi voltar. Voltei, minhas portas estavam fechadas, a direção da TV (Super Canal mesmo...) havia mudado. Pedi emprego, não me conheciam e de nada adiantaria contar a minha breve história de acertos e erros...fui para o setor de vendas. Um fracasso, é claro! Mas precisava dar a volta por cima, precisava resgatar a confiança, precisava ajudar meus pais...precisava e precisava. Foram muitas as voltas para casa com os olhos vermelhos e a súbita vontade de parar pelo trajeto e chorar pela falta de competência no setor de vendas e o coração sedento pelo jornalismo. Tomei coragem e pedi a direção para fazer um programa...Canal Mix...depois TV Shop. Bons tempos. Em paralelo a faculdade e a certeza: Jornalismo, desafio que gosto muito!

E a vida foi ganhado forma, fui entendo melhor este mundo de extrema responsabilidade que é o jornalismo. Aprendendo, aprendendo, acertando, errando, mas em todas as fases, em todas as matérias, em todos os livros tinham sempre um capítulo a parte em minha vida...Fim de faculdade, um ano após afastei-me novamente. Volto no tempo e não consigo me lembrar o porquê.. Inicie uma das vertentes da profissão, admiráveis, a assessoria. Assumi a função na área de tecnologia. Completamente desafiante, inesperado. Mas um dia, uma ligação completamente inusitada começou a colocar nos trilhos o trem da minha vida profissional. Era meu atual diretor, Fred, a quem chamo carinhosamente de Chefitio pelo respeito e admiração imensuráveis que tenho por ele. Do outro lado da linha ele disse: “Oi Raquel, sei que você está muito atarefada. Mas queria lhe fazer um pedido...tem condições de você apresentar o telejornal da minha emissora? Pensei direitinho, com carinho e depois me retorne”. Como pode uma ligação ser capaz de girar a vida, não é mesmo?! Pensei, sorri e aceitei. Confesso, que agora sim vivo plenamente esta profissão de jornalista que encaro com total seriedade e responsabilidade. Minha vida e minha felicidade estão estritamente atreladas a esta escolha, a este destino, a esta ligação.

Agora tenho uma nova família, novos amigos, nova vida, profissão prazer, desafios diários e instigantes. Sinto que corre em minha veia uma felicidade e realização que denomino como Jornalismo, este desafio que gosto muito!

Muito prazer!

Nos últimos meses deste ano de 2009, minha vida vem ganhando nova forma, cores diferentes, sabores e dissabores que tem feito a diferença na forma de encarar os desafios, superar as barrerias e seguir em frente.

Para tantas mudanças e a decisão de romper a barreira do conforto e esconderijo dos pensamentos, decidi por também criar um blog, ouvir meu desejo de transpor as idéias e compartilhá-las fazendo uso destas novas e modernas ferramentas. Ainda estou em dúvida do conteúdo definitivo deste novo espaço e nova casa, sentindo-me como uma visita inesperada. Mas como escolhi o nome FRAGMENTOS, acredito que tenho um leque de opções, uma variedade de temas, sem prisões e restrições para dar asas ao pensamento...

Muito prazer, sou Raquel Borsari, jornalista e a cada dia tenho descoberto um pouco mais de mim...fragmentos desta nova experiência que começa a partir de agora.

Abraços!

Raquel Borsari