Raquel Borsari

Fragmentos da pequena Alice...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A vida tem sempre razão...

Acordo e o dia começa sorrateiramente, praticamente no mesmo ritmo. Um bom banho para começar a despertar para o dia que já nasceu, em seguida, mãos em uma xícara de café e sigo para o computador. Graças ao advento da tecnologia em pouco mais de meia hora tenho acesso às primeiras informações do que acontece no País e no mundo. Inicio alguns textos, o espelho do jornal da manhã começa a ganhar forma, mas 07h30 é preciso escolher a roupa, maquiagem leve e descer para a redação.

Ao cruzar o corredor e entrar pela porta da ilha de edição, tudo começa a ganhar uma nova forma, a cabeça começa, obrigatoriamente, a trabalhar. Do “bom dia meninas” até o “Olá, bem vindo ao Hora de Notícia” muitas frases vão rolar, pensamentos fluirão e muito batente para toda a equipe. Mas em uma terça-feira foi especial, cheguei e fui logo ver o material bruto de uma matéria realizada pela amiga Milena na tarde de segunda-feira. Um homem que mora em um local afastado, onde o sol nasce lindamente, a paz da natureza pode ser sentida a flor da pele, porém, neste cantinho existe uma dor, a alegria cedeu dando espaço para a tristeza e o sofrimento de uma família. Após uma acidente, um lavrador ficou paraplégico e há quatro anos encamado luta por um tratamento digno.

Por cerca de quinze minutos, fiquei atentamente olhando, analisando e estudando aquele material rico de ensinamentos. Apesar de toda a precariedade, a saúde fragilizada, aquele homem de pouco mais de 40 anos mantinha no rosto um sorriso e nos olhos a esperança. Além da súbita vontade de chorar e levantar da cadeira para tomar uma atitude e ver como poderíamos ajudar aquela família que tanto necessitava, um filme passou pela cabeça. Pensei...como sou fraca, impotente e mal agradecida. Por muitas vezes tenho vontade de desistir de tudo, por tantas vezes sofri por tão pouco, deixei a tristeza e angústia desesperadora guiarem meus pensamentos, roubarem meu coração por problemas tão insignificantes diante de um homem que perdeu o movimento das pernas, teve a vida brutalmente modificada e ainda sorri. Para ele, o pouco que podemos imaginar ter é uma imensidão, tem nome de FELICIDADE!

Só me restou pedi perdão a Deus pela ingratidão e pedir pela vida deste homem, que merece ser feliz! Desde então, tenho refletido um pouco mais sobre a vida, mas confesso que fiquei indignada em ver os diversos ângulos desta existência. Por que este homem tem esta vida tão sofrida? Por que? E tenho de me contentar com os sábios versos de Toquinho e Vinícius de Moraes


Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída.
Como é, por exemplo, que dá pra entender:
A gente mal nasce, começa a morrer.

Depois da chegada vem sempre a partida,
Porque não há nada sem separação.
Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão.
Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão.
A gente nem sabe que males se apronta.
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe,
E o sol que desponta tem que anoitecer.


De nada adianta ficar-se de fora.
A hora do sim é o descuido do não.
Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.
Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão.

Um comentário:

  1. Muitas vezes é dificil realmente colocarmos as coisas em perspectiva. Podemos passar um dia arrasados por coisas tão tolas, frívolas, triviais... Enquanto tantas outras pessoas passando por problemas bem mais sérios e sabendo contorná-los e lidar com eles, reaprendendo a viver. Nos esquecendo de que a vida é instável, o futuro uma surpresa, perdemos muito tempo por pouca coisa...

    Adorei q vc terminou o post com meus amigos Vini e Toco! rsrsrs

    bj

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